sexta-feira, 12 de junho de 2015

Santo António de Lisboa – Versão 2015


 
"14 faustosas quadras para o salvar da crise de popularidade que o aflige"


Oh!  meu santinho adorado
Contigo ninguém se mete
Mas hoje as moças do fado
Vão mais p’lo pica do sete!
 
Que um azar nunca vem só
Não é sentença moderna
Mas a mim mete-me 
Que o Jesus te passe a perna!
 
No terreiro dos arraiais
Dançando ao som do harmónio
Já não se ouvem os ais
Ai! meu rico Santo António!
 
Mas desculpa, é tua a falta
Por não entrares na batota
E não te queixes se a malta
A ti, prefere qualquer Jota!
 
Foste santo milagreiro
Partias bilhas nas calmas
Esqueceste o mealheiro
Com que se compram as almas.
 
Estares a ficar esquecido
Faz parte das tuas dores
Eu fundaria um partido
Pagando a uns consultores.
 
Falta pouco às eleições
E vê lá, ganha juízo
Que tal: Votem Bulhões
Que garante o paraíso!
 
Sozinho, não coligado
Portugal à frente ou atrás
Canta-lhes petas com fado
E vais ver que ganharás.
 
Ofereço-te este programa
Que pode ser melhorado
Tu casa-os, mete-os na cama
Que eu trato do cozinhado.
 
E não penses que é pecado
Da política fazer arte
Para mim, manda o mercado
Quero no fim a minha parte.
 
E quando fores Presidente
Vais ver a vida sorrir
Não importa quem lhes mente
Desde que os faça divertir.
 
Por isso larga o balão
E assa a tua sardinha
Vais ver que não há ladrão
Que não dê a dentadinha.
 
Fiz de ti um Santo Novo
Dei-te um sócio amarelado
Que não vai pagar ao povo
Porque tem visto dourado.
 
Pus-te no trono, isso sim
Não me perguntes quem sou
Vou voar p’ra donde vim
Comprei-te e contigo estou!
 

Lisboa, 12 de Junho de 2015
Octávio Santos