"14 faustosas quadras
para o salvar da crise de popularidade que o aflige"
Oh! meu santinho adorado
Contigo ninguém se
mete
Mas hoje as moças do
fado
Vão mais p’lo pica
do sete!
Que um azar nunca
vem só
Não é sentença
moderna
Mas a mim
mete-me dó
Que o Jesus te passe
a perna!
No terreiro dos
arraiais
Dançando ao som do
harmónio
Já não se ouvem os
ais
Ai! meu rico Santo
António!
Mas desculpa, é tua
a falta
Por não entrares na
batota
E não te queixes se
a malta
A ti, prefere
qualquer Jota!
Foste santo
milagreiro
Partias bilhas nas
calmas
Esqueceste o
mealheiro
Com que se compram
as almas.
Estares a ficar
esquecido
Faz parte das tuas
dores
Eu fundaria um
partido
Pagando a uns
consultores.
Falta pouco às
eleições
E vê lá, ganha juízo
Que tal: Votem
Bulhões
Que garante o
paraíso!
Sozinho, não
coligado
Portugal à frente ou
atrás
Canta-lhes petas com
fado
E vais ver que
ganharás.
Ofereço-te este
programa
Que pode ser
melhorado
Tu casa-os, mete-os
na cama
Que eu trato do
cozinhado.
E não penses que é
pecado
Da política fazer
arte
Para mim, manda o
mercado
Quero no fim a minha
parte.
E quando fores
Presidente
Vais ver a vida
sorrir
Não importa quem
lhes mente
Desde que os faça
divertir.
Por isso larga o
balão
E assa a tua
sardinha
Vais ver que não há
ladrão
Que não dê a
dentadinha.
Fiz de ti um Santo
Novo
Dei-te um sócio
amarelado
Que não vai pagar ao
povo
Porque tem visto
dourado.
Pus-te no trono,
isso sim
Não me perguntes
quem sou
Vou voar p’ra donde
vim
Comprei-te e contigo
estou!
Lisboa, 12 de Junho de 2015
Octávio Santos